Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)

terça-feira, 17 de março de 2015

“Só no Brasil”. A apatia mental e a lógica reducionista que deseduca


charge vitor teixeira coxinha
(Charge: Vitor Teixeira)

Quem não quiser tentar entender os problemas, trocar ideias sobre como solucioná-los, contribuir com organizações engajadas, criar ou participar de campanhas de conscientização, e procurar votar em políticos empenhados, que pelo menos pare de encher o saco com reducionismos pessimistas e superficiais

Por Priscila Silva*

Toda vez que um assunto polêmico surge na mídia, viraliza nas redes sociais e chega às rodas de amigos, reuniões de família e mesas de bar, começam a pipocar, por toda parte, juízos de valor genéricos a respeito "do Brasil" e "do povo brasileiro".

Essas "análises", que estão em alta no atual momento pré-Copa, costumam ser, mais especificamente, materializadas na forma de chavões babacas mais antigos que a minha avó: são os famosos "só no Brasil", "isso é Brasil!", e, ainda, o clássico e meu preferido "o problema é a cabeça do brasileiro" (que também pode aparecer na carinhosa versão "o povo brasileiro é burro").

Leia também: Fascismo à brasileira

Que a internet e os círculos sociais estão recheados de ideias idiotas, preconceituosas e desprovidas de qualquer senso lógico ou nexo com a realidade não é novidade. O problema aqui é que as pérolas pertencentes à categoria "Brasil é uma merda porque é uma merda, e eu não tenho nada a ver com isso" não vêm sendo enquadradas como apatia mental, como deveriam, mas como demonstração de revolta consciente e politizada "contra tudo que está aí". Um quarto dos brasileiros acha que uma mulher de shortinho merece ser estuprada? "Isso é Brasil!". A Petrobrás fez um mau negócio em Pasadena? "Brasil, né?". Algumas obras da Copa do Mundo atrasaram? "Só no Brasil mesmo!".

Não. Não. E não. Na verdade, esse tipo de pensamento vazio, reducionista e arrogante empobrece o debate dos problemas que estão por detrás dos acontecimentos (que acabam sendo levianamente rotulados como "coisa do Brasil"), além de estimular e legitimar uma atitude resignada e egoísta ao melhor (ou pior) estilo Pôncio Pilatos ("lavo minhas mãos, porque a merda já estava feita quando eu cheguei aqui").

"Só no Brasil"? Não.

Em primeiro lugar, vale uma pesquisa prévia a respeito do assunto sobre o qual se está emitindo opinião: será mesmo que o Brasil é o único país a enfrentar esse problema específico que você conheceu superficialmente através do link que seu amigo compartilhou no Facebook? Pode ter certeza que, em 99% dos casos, a gente carrega o fardo junto com mais algumas dezenas de países (se não com todas as nações do planeta), ainda que ele pese mais ou menos conforme o caso.

E não estamos falando apenas de países considerados "mais atrasados" e "menos civilizados" que o Brasil. Tem corrupção na Europa, os Estados Unidos mal possuem um sistema público de saúde, o racismo segue forte em diversos países "desenvolvidos", e a Inglaterra é descaradamente sexista. Por isso, antes de iniciar um festival de ignorância, babar ovo de gringo gratuitamente e resumir seu discurso a uma frase despolitizada como essa, lembre-se que o Google está a apenas um clique. Caso contrário, você corre o risco de continuar contribuindo para que 40% dos nascidos no Brasil prefiram ter outra nacionalidade (apesar de o Brasil ser sonho de consumo internacionalmente).

Se "isso é Brasil", então "isso" é você também.

Dou a qualquer um o direito de achar o Brasil uma merda monumental e sem precedentes, desde que admita ser uma merda de pessoa também. Assim, quando alguém disser "o Brasil é um lixo" ou "o povo brasileiro é burro", na verdade estará dizendo "eu sou um lixo" e "eu sou burro". Combinado? Porque, caros amigos niilistas radicais, é estranhamente conveniente excluir-se, deliberadamente, do conjunto de brasileiros, negando a própria cultura e origem, bem na hora em que "a coisa aperta", não é?

As expressões "isso é Brasil" ou "esse é o povo brasileiro" não são, portanto, apenas generalizantes e reducionistas, mas também um tanto arrogantes. Quem as profere se julga acima dos defeitos da sociedade brasileira, e é incapaz de perceber que suas próprias convicções, ideias e preconceitos são na verdade um reflexo das características e problemas da sociedade brasileira como um todo.

Nem é preciso nem dizer que esse tipo de perspectiva segregatória, em que o locutor se coloca em posição imparcial e de superioridade em relação ao restante da população, gera verdadeiros fenômenos de cegueira coletiva. Um exemplo clássico é a inabilidade de algumas pessoas em enxergar o próprio racismo, o que popularizou expressões como "não sou racista, mas…", culminando com a negação da existência de racismo no Brasil por determinadas "correntes ideológicas".

Então, antes que comecemos a negar outros "ismos" por aí (o que, a bem da verdade, já acontece), vamos parar de subir em pedestais imaginários e nos colocar em nossos devidos lugares: na arquibancada junto com o resto do povão e toda a torcida do Flamengo.

Se "isso é Brasil", repetir esse chavão não vai mudar nada (talvez só pra pior).

Imagine a seguinte situação hipotética: um sujeito dito "politizado" está surfando na rede, checando o feed de notícias do Facebook, dando um rolê pelo Twitter e teclando no WhatsApp, quando, casualmente, se depara com uma notícia revoltante (sabemos que a internet está cheia delas). Indignado com a situação ultrajante da qual acaba de tomar conhecimento, nosso amigo resolve mostrar toda a sua revolta por meio de um comentário impactante no perfil de quem, muito sagazmente, compartilhou aquela notícia chocante com ele. "Fazer o que, né, colega? Isso é o país em que vivemos. Viva o Bra-ziu!".

Satisfeito com sua contribuição, o internauta bem informado segue para os próximos "hits do dia" nas redes sociais, afinal, "isso é Brasil" — não tem jeito. E ele, pessoa politizada e, portanto, ciente do "beco sem saída" que é o nosso país, nem vai se dar ao trabalho de pensar sobre o assunto (e muito menos fazer algo a respeito), uma vez que essa nação é feita de pessoas naturalmente incompetentes e políticos naturalmente corruptos. Confere? Não confere. Na verdade, cidadão politizado, o problema, neste cenário, não é o Brasil. É você.

Quando um indivíduo, ao deparar-se com determinado problema que considera sério, resume seu pensamento e manifestação à depreciação verbal genérica e gratuita de seu país, só podemos concluir que ele atingiu um nível sobre-humano de apatia mental e social. Além de não agir para mudar a situação que o indignou, contribui para difundir um clima negativo, conformista e preguiçoso por onde passa, contagiando outras pessoas com a ideia deturpada de que é impossível mudar as coisas para melhor (ou que simplesmente não vale a pena), porque "o povo brasileiro é assim mesmo".

Resumo da ópera: quem não quiser realmente tentar entender o problema, trocar ideias sobre como solucioná-lo, contribuir com organizações e movimentos sociais envolvidos no assunto, criar ou participar de campanhas de conscientização, e procurar votar em políticos empenhados na causa em questão, que pelo menos pare de encher o saco com reducionismos pessimistas e burros. A esfera pública agradece.

"Isso é Brasil" agora, mas pode mudar. E depende de você também.

Imaginem se, há 30, 40 anos atrás, quando ainda vivíamos uma ditadura, todos pensassem que o "Brasil é assim mesmo", que "somos um povo submisso que só funciona na 'base da porrada'"? Imaginem se a população tivesse desistido de exigir a redemocratização, e se resignado, limitando-se a comentar com seus conhecidos, em cafés e restaurantes, que "aquilo era o Brasil". Foi porque as pessoas não se conformaram com o que o Brasil era ou parecia ser que hoje nós vivemos uma democracia plena, onde todos podem se manifestar da forma que julgam melhor (até de forma superficial e não construtiva, como a que estamos tratando neste texto).

O direito à liberdade de pensamento e expressão é indiscutível, e o que deixo aqui é apenas um humilde conselho: vamos usar essas prerrogativas de verdade. Para debater, e não para cair em chavões limitados e vazios de que o país é uma porcaria generalizada, pior que qualquer outro, que nosso povo é burro e corrupto, que estamos no fundo poço e nunca sairemos dele, e que é impossível mudar a realidade em que vivemos. Isso não quer dizer, de forma alguma, que devemos fugir dos problemas ou nos conformarmos com o que já foi conquistado, pois ainda existem inúmeros desafios a serem superados nesse Brasil continental. Se "isso" é mesmo o Brasil, a mudança só depende de nós.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Inteligência sem limites 2

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A crueldade do ser humano com animais causa revolta em todo mundo, porém é isso mesmo que você leu na manchete: ela matou o gato por que o pintou de rosa!

Lena Lenina é fanática pela cor rosa e sendo assim teve a ideia idiota de pintar seu gato dessa cor. O fato começou enquanto ela dava uma festa, onde todos os convidados deveriam comparecer vestindo peças de roupas cor-de-rosa, testemunhas disseram que o animal, era um gatinho jovem e constantemente tentava sair das mãos de Lena (imaginem os maus tratos que ela o causava).

Segundo Lenina, ela consultou o veterinário e o mesmo disse que era realmente benéfica a tinta que ela usou para tingir o gato.

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- A cor rosa foi especialmente escolhido por suas propriedades curativas e também fortalece o cabelo do gato. Meu veterinário me disse que era uma adição benéfica para ele, disse Lena.

O mesmo veterinário examinou o gato posteriormente quando ele ficou doente e mais tarde relatou que o gato tinha morrido por ser envenenado por uma substância tóxica. E disse que não havia recomendado nenhuma tinta para pintar os pelos do animal.

Agora há uma petição online exigindo que a polícia local investigue as acusações de crueldade contra animais. A petição reuniu vários milhares de assinaturas, mas no momento não houve uma resposta oficial do governo local.

http://atl.clicrbs.com.br/naocliqueaqui/2015/03/12/e-inaceitavel-que-esta-mulher-tenha-assassinado-seu-gato-apenas-para-por-ser-obcecada-por-rosa/

quinta-feira, 5 de março de 2015

Reuniões - Como elas matam as boas ideias

Estudos mostram que reuniões não são eficientes e têm o poder de deixar as pessoas mais burras. Veja por que é assim, e o que pode ser feito para transformar as reuniões em algo mais útil - e até divertido.

por Tiago Cordeiro e Carolina Meyer

Colegas chatos, discussões bestas, tempo perdido. Você detesta as reuniões do seu trabalho? A maioria das pessoas odeia. Com motivo: estudos mostram que elas não são eficientes e têm o poder de deixar as pessoas mais burras. Veja por que é assim, e o que pode ser feito para transformar as reuniões em algo mais útil - e até divertido.

Você se prepara, faz a lição de casa, respira fundo e senta à mesa. Seu chefe e a equipe já estão lá, mas aquele colega atrasadinho não - e o grupo espera meia hora por ele. Você está irritado porque desperdiçou um tempo precioso, mas sabe que o pior está apenas começando. Um após o outro, os personagens típicos de reunião se apresentam. O tagarela, o puxador de tapetes, o despreparado, o oportunista, o indeciso, o bajulador. Todo mundo fala, fala, fala por horas e horas, batendo cabeça e girando em falso até que, por mero cansaço, uma ideia qualquer é eleita a vencedora. Acabou a reunião. E você, no meio desse turbilhão de bobagens, não conseguiu nem se explicar direito - ou, se conseguiu, ninguém deu muita bola. A coisa é tão grave que, nas empresas em que a confirmação por e-mail em uma reunião inclui automaticamente o horário na agenda pessoal, muitos funcionários inventam compromissos nos horários em que precisam trabalhar de verdade - e assim a agenda fica travada para mais perdas de tempo com conversas de grupo que não levam a lugar nenhum. Mas se todo mundo odeia reuniões e sabe que elas são um problema, por que fazemos tantas? Não existe mesmo uma alternativa melhor, ou um jeito de torná-las mais produtivas?

Talvez as reuniões da sua empresa não sejam exatamente desse jeito. Mas provavelmente elas têm alguma semelhança com o cenário descrito acima. Tanto é que, numa pesquisa feita com 2 mil executivos brasileiros, 69% disseram que odeiam reuniões. E estamos falando de executivos, que são especialistas em fazer reuniões; entre os demais cargos, a ojeriza tende a ser maior ainda. "Se você conversar com qualquer pessoa, aleatoriamente, ela vai dizer duas coisas: que ganha mal e perde muito tempo em reunião", afirma Marcos Minoru, professor de administração de empresas na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap). A mesma pesquisa constatou que 70% das reuniões não chegam a lugar nenhum, e uma empresa média, de 100 funcionários, desperdiça R$ 500 mil anuais com o tempo perdido nelas. Ou seja: além de você estar sofrendo na reunião, o seu patrão está jogando R$ 5 mil fora.

Mas espera aí. Reunir várias pessoas para debater um problema não deveria ser a melhor forma de resolvê-lo? Deveria, mas na prática acaba não sendo. E o problema está justamente no estilo moderno de fazer reunião: o chamado brainstorming, onde todos os presentes podem opinar sobre todos os assuntos em debate. É a maneira mais democrática de fazer reunião, e a mais comum hoje em dia. Ela foi inventada pelo publicitário americano Alex Osborn, que passou 20 anos estudando os mecanismos do trabalho e, em 1953, publicou o livro Applied Imagination, onde apresentou o termo brainstorming e o conceito de reunião livre, onde todo mundo pode falar. Para Osborn, o importante era criar um ambiente descontraído, que gerasse muitas ideias. Em meio ao turbilhão de ideias bestas, fatalmente surgiriam algumas geniais. A quantidade levaria à qualidade. "Era uma tentativa de acabar com os bloqueios psicológicos que poderiam barrar a apresentação de sugestões", diz a psicóloga americana Linda Spears-Bunton. E as reuniões democráticas ganharam o mundo. Mas não deram certo. "Hoje sabemos que apenas uma em cada quatro reuniões de brainstorming gera resultado concreto", afirma Linda.

Como sabemos? É que um estudo publicado neste ano aponta que as pessoas são mais inteligentes, e tomam melhores decisões, quando estão sozinhas. Psicólogos da Universidade de Haifa, em Israel, apresentaram uma bateria de perguntas e problemas para que voluntários resolvessem. Metade dos voluntários trabalhava sozinha. A outra metade se reunia em grupos. Resultado? Os solitários sempre foram melhor do que os grupos. Acertaram mais respostas e propuseram soluções mais pertinentes. "Não há dúvida de que o pensamento solitário é mais produtivo", diz o psicólogo Asher Koriat, autor da pesquisa. Segundo ele, isso acontece por dois motivos. O primeiro é que, durante as reuniões, os indivíduos mais extrovertidos sempre acabam dominando o debate - e colocando os mais tímidos para escanteio. E os extrovertidos não são necessariamente mais competentes. Mas são mais persuasivos, e conseguem convencer o grupo das maiores bobagens. O outro motivo é que, quando uma pessoa pensa sozinha, consegue exercer mais senso crítico e não se distrai com a interação social.

Isso significa que devemos acabar com as reuniões, então? Não. Koriat propõe um meio termo. "O intercâmbio de ideias deveria envolver menos pessoas, e só acontecer depois que cada profissional tivesse feito a respectiva lição de casa", afirma. "Quando o brainstorming acontece no começo de um projeto, a chance de uma bobagem dita com estilo se tornar regra, e atrapalhar todo o processo dali para a frente, é muito grande."

Como na escolinha
A falta de objetividade nas reuniões de trabalho é cultural. Lembra dos seus trabalhos de escola? A professora passava uma tarefa em grupo e um dos alunos convidava os outros para se reunir na casa dele. Cada um chegava numa hora, a maioria dos colegas não estava a fim de nada, e sempre aparecia a mãe do dono (ou dona) da casa para conferir se todo mundo estava se comportando ou oferecer um lanche. Alguém sempre sugeria deixar para depois e aproveitar a tarde para jogar bola. Claro que todo mundo voltava para casa sem que o trabalho estivesse pronto. "Se você aborda um desconhecido na rua, é porque quer uma informação objetiva, como a direção de uma rua ou que horas são. Mas organizamos reuniões sem saber exatamente qual problema queremos solucionar. É como se o simples fato de todos sentarem ao redor de uma mesa fosse resolver tudo", diz Adrian Furnham, psicólogo especializado em gestão empresarial e professor da University College London. "Parece que muitas vezes a sala onde a conversa vai acontecer e a comida que vai ser servida é mais importante do que o assunto que vai ser tratado". Vai dizer que você nunca sugeriu que o trabalho da escola fosse feito na casa onde o lanche era mais gostoso? "Fazemos a mesma coisa na fase adulta, só que com terno e gravata e ganhando dinheiro para isso", afirma o consultor empresarial Christian Barbosa, autor do livro Estou em Reunião e organizador da pesquisa com 2 mil executivos que citamos no início desta reportagem. Ou seja: nas reuniões, agimos como crianças.

E, sempre é bom lembrar, como bichos também. No fundo, a vida profissional não é assim tão diferente da dinâmica social enfrentada por lobos e macacos, com disputas e demonstrações de poder. "Da mesma forma que os lobos arrepiam os pelos e arreganham os dentes para mostrar força, os executivos convocam reuniões para reforçar sua posição de poder", diz Linda Spears-Bunton. Preste atenção àquele chefe que vive marcando reuniões: no fundo, ele precisa dessas demonstrações públicas de controle sobre o grupo. Não é uma falha de caráter. É uma tendência natural. Mas pode ser contornada.

Scott Snair, autor de livros de negócios como Chega de Reunião, sugere que cada problema seja delegado a uma única pessoa, e ela responda a um só chefe. "Por mais antiquada que possa parecer, a hierarquia tem suas vantagens. A pessoa sabe claramente a quem se reporta, e o chefe se dedica a avaliar propostas concretas, sem a necessidade de ficar fazendo questionamentos só para manter seu status", diz Snair. Algo parecido com isso acontece na Apple, por exemplo, onde cada questão é atribuída a um Directly Responsible Individual (Indivíduo Diretamente Responsável), que tem a palavra final sobre a discussão.

Até pela velocidade com que têm de desenvolver novos produtos, são justamente as empresas de tecnologia as mais empenhadas em acabar com as reuniões chatas. E a primeira estratégia é fazer reuniões mais curtas - e mais frequentes. Uma pesquisa feita em 6 mil empresas de tecnologia constatou que, em quase 80% delas, as reuniões são diárias e duram no máximo 15 minutos. "Assim conseguimos identificar os `enrolões¿. O grupo se automonitora e ninguém fica parado", diz Heber Mantovani, diretor da empresa de software e-comBR. Também virou moda usar objetos para evitar que as pessoas falem demais. Numa divisão da Microsoft, por exemplo, as reuniões contam com a participação de Ralph - uma galinha de borracha que a pessoa precisa segurar enquanto está falando. E algumas reuniões são propositalmente agendadas nas escadarias da empresa, onde não há aquecimento (calefação). A ideia é que, como estão com frio, as pessoas sejam objetivas. Dá resultado: as reuniões na escadaria costumam durar no máximo dez minutos.

No Facebook, o truque é marcar as reuniões logo antes da hora do almoço. "Isso motiva as pessoas a falar menos", disse o engenheiro Mark Tonkelowitz ao jornal americano The Wall Street Journal. Na empresa de softwares Hashrocket, nos EUA, as reuniões usam uma bola de cinco quilos - quem fala deve segurar o objeto. Na empresa brasileira Locaweb, que presta serviços de tecnologia, as reuniões diárias são feitas com a equipe em pé. Quem está falando segura uma bola de basquete, e a duração do encontro é cronometrada. "Com essas reuniões rápidas, conseguimos encurtar em 30% o tempo de desenvolvimento de um software", diz Luis Carlos dos Anjos, gerente de marketing da empresa.

Vale tudo para manter o foco. Até apelar para pequenos truques. "Certa vez, em uma empresa, o presidente contratou um garçom para entrar na sala durante uma reunião importante", diz Sérgio Coffoni, da consultoria de recursos humanos Hay Group. Quando o garçom ia servir o café, perguntava baixinho para cada participante o que ele achava do assunto que estava sendo debatido. Era uma maneira de fazer as pessoas pararem de viajar e prestarem atenção à reunião.

Mas e se tudo isso falhar, e você perceber que está preso em mais uma reunião torturante e interminável? "Dê um jeito de se ocupar, sem parecer que está distraído, ou participe ativamente", diz o psicólogo alemão Ulrike Nett, autor de estudos sobre tédio em reuniões. Segundo ele, você pode se distrair e viajar à vontade quanto o assunto não for da sua alçada. Basta fazer cara de quem está prestando atenção - e ouvir por alto o que está sendo dito, para não ser pego de surpresa. A outra estratégia é se engajar: porque se você participa, a reunião passa mais rápido, e você pode apresentar informações e opiniões coerentes para resolver o debate e encerrar a reunião. Ou, no mínimo, se divertir com ela.


Sala de guerra
Os tipos mais comuns nas reuniões - e como você pode lidar com eles

O revoltado
Está insatisfeito com a empresa e quer angariar companheiros de luta. Faz pose de irritado e reclama de praticamente tudo.

Como lidar: Ignore o sujeito. Não tome as dores dele. Se você der corda, ele irá tumultuar a reunião - e acabará reclamando até de você.

O puxa-saco
Não tem ideias próprias e fica quieto até que o chefe abre a boca. Aí, começa a concordar com todos os argumentos dele.

Como lidar: Elogie a ideia do seu chefe e estimule o puxa-saco a desenvolvê-la. Ele não vai conseguir - e se enforcará com a própria corda.

O puxador de tapete

Em vez de propor coisas novas, parece mais interessado em detonar todas as sugestões que você está dando.

Como lidar: Responda com dados e argumentos objetivos. Se isso não for possível, mude de assunto.

O tímido
Costuma ter boas sugestões, mas não abre a boca. Quando vira centro das atenções, fica vermelho e balbucia argumentos que ninguém entende.

Como lidar: Ajude-o a desenvolver a própria ideia. Se você for o tímido, lembre-se de que é apenas uma reunião.

O humorista
Fica interrompendo a reunião com piadinhas - que já contou trocentas vezes e não têm a menor graça.

Como lidar: Continue o que estava dizendo. Se você pedir para o sujeito calar a boca, ficará com fama de mal-humorado.

O tagarela
Fala sobre o que sabe e o que não sabe, tem opinião sobre tudo. Monopoliza as discussões e se acha o dono da verdade.

Como lidar:
 Evite bater de frente com ele - isso só fará o sujeito falar ainda mais. Dirija-se aos demais participantes para mudar o rumo da conversa.

O workaholic
Trabalha muito e conhece tudo da empresa, mas tem pouca paciência com a opinião dos outros. Pode ser grosseiro.

Como lidar: Tenha paciência, principalmente se ele estiver certo. Se ele for indelicado com você, rebata com bom humor.




PARA SABER MAIS

Chega de Reunião: Menos Conversa, Mais Ação
Scott Snair, Campus, 2003.

Estou em Reunião - Um Programa para Modernizar as Reuniões na sua Empresa
Christian Barbosa, Agir, 2009.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Humanos usam drogas desde os tempos pré-históricos, revelam pesquisas

HOMEM NEOLTICO PRHISTRIA

De acordo com uma revisão recém-publicada de décadas de pesquisas arqueológicas,os humanos em todo o mundo usam substâncias psicoativas como ópio, álcool e cogumelos alucinógenos desde os tempos pré-históricos.

Por Redação | Brasil Post

Você já se perguntou desde quando os humanos curtem drogas que alteram seu estado mental?

De acordo com uma revisão recém-publicada de décadas de pesquisas arqueológicas,os humanos em todo o mundo usam substâncias psicoativas como ópio, álcool e cogumelos alucinógenos desde os tempos pré-históricos.

Isso sim é uma viagem.

A Dra. Elisa Guerra-Doce, professora de pré-história na Universidade de Valladolid, Espanha, e autora da revisão, disse ao Huffington Post em e-mail: "Acredita-se de modo geral que as substâncias alucinógenas, ou drogas, são uma questão dos tempos modernos.

Mas, se olharmos para o registro arqueológico, encontraremos muitos dados indicando que teriam sido consumidas na pré-história.

A partir do momento em que plantas alucinógenas e bebidas fermentadas começaram a ser ingeridas, há evidências ininterruptas de que o consumo teria continuado ao longo dos séculos.

Em alguns casos, a relação homem-droga que começou em tempos pré-históricos continua até hoje."

Guerra-Doce estuda o consumo de drogas e álcool na Eurásia pré-histórica. Ela disse ao HuffPost Science que fez a revisão das pesquisas para chegar a uma visão abrangente do consumo de drogas no mundo.

Como não existem registros escritos que evidenciem o consumo de drogas milhares de anos atrás, cientistas examinam restos como os fósseis de plantas psicoativas, resíduos de álcool e outras substâncias químicas psicoativas e arte pré-histórica para terem uma visão de como as drogas eram utilizadas.

"Considerando o fracasso da guerra às drogas, talvez nossas sociedades modernas devessem olhar para o passado e aprender algo com as sociedades ditas primitivas, para descobrir como maximizar os potenciais benefícios e minimizar o potencial danoso de substâncias que os humanos empregam há milênios", disse Guerra-Doce no e-mail.

A revisão cita alguns exemplos chaves de uso pré-histórico de drogas, incluindo os seguintes:

• Álcool: A primeira bebida alcoólica data de entre 7000 a.C. e 6600 a.C. Resíduos da bebida foram encontrados em fragmentos de cerâmica do vilarejo pré-histórico de Jiahu, na província chinesa de Henan. A bebida consistia de um misto de arroz, mel e uvas ou outras frutas fermentadas.

• Alucinógenos: Os resquícios fósseis mais antigos do cacto alucinógeno de São Pedro, encontrado numa caverna do Peru, datam de entre 8600 a.C. e 5600 a.C. As sementes da leguminosa Dermatophylum (conhecida como "feijão mescal") encontradas na região que hoje é o sul do Texas e norte do México datam do final do nono milênio a.C. até 1000 d.C. E pequenas esculturas de pedra chamadas "pedras de cogumelo" encontradas na Guatemala, no México, Honduras e El Salvador sugerem que cogumelos alucinógenos teriam sido usados em cerimônias religiosas entre 500 a.C. e 900 d.C.

• Ópio: Os primeiros resquícios fossilizados da planta do ópio datam de meados do sexto milênio a.C. e foram encontrados num sítio arqueológico na Itália, menos de 40 km a noroeste de Roma. Resquícios de cápsulas de sementes de papoula e de opiáceos foram encontrados em ossos de esqueletos humanos do quarto milênio a.C., ao lado de arte pré-histórica mostrando partes da papoula sendo empregada em cerimônias religiosas.

• Folhas de coca: As evidências mais antigas de que humanos mascavam coca datam de aproximadamente 8.000 anos atrás, na América do Sul. Resquícios de folha de coca foram encontrados nos pisos de casas no vale de Nanchoc, no Peru, em restos dentários humanos e no cabelo de múmias.

• Tabaco: Cachimbos de cerca de 2.000 a.C. foram encontrados no noroeste da Argentina, mas não está claro se eram usados para fumar tabaco ou outras plantas alucinógenas. Resquícios de nicotina encontrados em cachimbos datam de 300 a.C.

A revisão foi publicada online em 2 de janeiro na Time and Mind: The Journal of Archaeology, Consciousness and Culture.


Confira o artigo original no Portal Metrópole: http://www.portalmetropole.com/2015/03/humanos-usam-drogas-desde-os-tempos-pre.html#ixzz3TFRprstM

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